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Recuperação judicial: Problemas da PDG não se restringem a obras paradas

Publicado na Quinta, 23 de fevereiro de 2017, 12h26
Recuperação judicial: Problemas da PDG não se restringem a obras paradas

SÃO PAULO - Os consumidores atingidos pela recuperação judicial da PDG vão muito além dos donos dos 8,2 mil apartamentos dos 30 projetos cujas obras não foram concluídas. Entre os prejudicados estão pessoas que haviam comprado e devolvido imóveis à incorporadora, donos de apartamentos com problemas de infiltração e elétricos e compradores que não conseguem a escritura da propriedade.

No site Reclame Aqui, em que consumidores expõem problemas que tiveram com empresas, 1.937 queixas contra a PDG (que atua sobretudo no segmento residencial) foram registradas no ano passado, e nenhuma delas foi atendida. O número é inferior ao de 2015, quando houve 2.824 reclamações, mas 89,5% foram respondidas.

Nesta semana, o vendedor Felipe Aparecido dos Santos abriu uma queixa no site por não ter recebido R$ 3,6 mil que a empresa lhe deve. O valor é referente à parcela de fevereiro de um apartamento que ele devolveu à PDG em julho do ano passado, após comprá-lo em 2012. Dos R$ 30 mil que Santos pagou de entrada à incorporadora, 78% deveriam ser restituídos em oito prestações. A penúltima parcela, ele não recebeu. "Agora, acho que já era. Eu ligo para a empresa e dizem que não têm prazo para o pagamento."

A coordenadora comercial Ana Carolina de Gois Bourguignon está morando na casa dos sogros após desistir da compra de um apartamento cujo prazo de entrega estava atrasado. Entrou na Justiça para receber os R$ 60 mil que deu de entrada, ganhou a causa, mas ainda não recebeu o valor devido.

Segundo o advogado Marcelo Tapai, se a Justiça aceitar o pedido de recuperação da PDG, os clientes não devem receber os valores dos distratos por pelo menos 180 dias, pois a empresa poderá suspender pagamentos.

Dificuldade para conseguir o registro do imóvel é outro problema enfrentado pelos clientes da PDG. A analista de comércio exterior Juliana Garcia já mora no apartamento adquirido da incorporadora há um ano, mas ainda não conseguiu registrá-lo em seu nome, porque a PDG não pagou o financiamento que havia feito para levantar a obra, conta. Ela precisa de um documento que comprove que a empresa quitou o empréstimo com o banco para conseguir a transferência de propriedade. Ainda de acordo com Tapai, esses casos de registro devem ser os mais fáceis de ser resolvidos. "A hipoteca fechada entre o banco e a construtora não interfere no direito do proprietário."

A falta de caixa da PDG vem impedindo até pequenos reparos, como o conserto de uma infiltração no apartamento da enfermeira Patrícia Basso. Ela comprou um imóvel com garantia e precisa que seja feita uma impermeabilização no banheiro, mas, desde dezembro, os atendentes da empresa dizem que não há prazo para o reparo ser feito. Procurada, a empresa não comentou o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

prédios comerciais
(Shutterstock)

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