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Casas de luxo no sul de Londres passam um ano à venda sem compradores

Publicado na Quarta, 09 de setembro de 2015, 18h45
Casas de luxo no sul de Londres passam um ano à venda sem compradores

(SÃO PAULO) – Os investidores que apostam em obter uma rentabilidade imediata com apartamentos de luxo no distrito de Nine Elms, no sul de Londres, o maior projeto de casas novas de primeira linha da Europa, estão enfrentando uma longa espera por compradores.

Quase 30 por cento dos imóveis novos no distrito estão mofando no mercado há mais de um ano, segundo a fornecedora de dados imobiliários Lonres, que não incluiu as vendas feitas por incorporadoras. A taxa se compara com 12 por cento nos melhores distritos de Londres.

Os preços altos e um aumento no imposto sobre as vendas estão dissuadindo os investidores internacionais que compraram metade das casas novas no centro de Londres em 2013. As agitações cambiais nos mercados emergentes também estão afetando as vendas. Os investidores malaios, que adquiriram quase um terço das 866 casas na primeira etapa do projeto de US$ 12 bilhões na Usina Termelétrica de Battersea, localizada no distrito, sofreram uma disparada de até 30 por cento nos custos porque a libra esterlina se fortaleceu frente ao ringgit.

“Os estrangeiros têm sido a maior fonte de demanda nos últimos anos, mas isso parece estar desaparecendo”, disse Hemant Kotak, analista da Green Street Advisors. “É improvável que os locais absorvam a oferta crescente, especialmente considerando as expectativas de aumentos nas taxas de juros para os próximos anos”.

Roadshows na China

Os construtores de casas em Nine Elms, onde 18.000 casas estão planejadas, entre elas 4.000 no projeto da Usina, organizaram roadshows de Cingapura à China para vender imóveis que custam de 495.000 libras (US$ 762.000) por um apartamento tipo estúdio até 30 milhões de libras por uma cobertura, antes que a construção começasse.

Como uma desaceleração na China desencadeou uma crise nos mercados cambais do mundo, a libra ganhou 8 por cento frente ao yuan desde abril e a mesma proporção frente ao dólar de Cingapura.

Os investidores que pagaram entradas há dois ou três anos precisam vender os contratos antes de receber os imóveis para não precisarem pagar o imposto sobre as vendas, disse Mayad Rassam, corretor de finanças imobiliárias da Mutual Finance Ltd., que assessora as incorporadoras. O chamado selo fiscal sobre uma casa de 1 milhão de libras é de 43.750 libras.

Aquisições familiares

A Usina Termelétrica é o maior projeto em Nine Elms e está sendo desenvolvida por uma joint venture entre a Sime Darby Bhd., a SP Setia Bhd. e o Employees Provident Fund. Cerca de 40 casas foram adquiridas na primeira etapa pelos acionistas, por executivos e por seus familiares, disse a Battersea Power Station Development Co. em um comunicado à Bloomberg News. Eles também compraram um “punhado” na segunda etapa, disse a empresa.

Cerca de metade das casas em construção ou terminadas recentemente em Nine Elms tiveram seu preço reduzido antes de serem vendidas neste ano, segundo a Lonres, que define Nine Elms como a área com o CEP SW8, que vai de Battersea até Vauxhall. O valor médio das vendas de apartamentos no distrito caiu quase 132.000 libras, para cerca de 818.800 libras, neste ano em relação a 2014, segundo a corretora Foxtons Plc.

As vendas de residências em Londres caíram 26 por cento em maio em relação há um ano, porque a demanda foi abafada por testes de acessibilidade para compradores que moram no Reino Unido, pelo aumento do selo fiscal em dezembro e pela valorização da libra. O ministro das Finanças George Osborne introduziu neste ano um imposto sobre rendimentos corporativos para os compradores estrangeiros de casas e reduzirá a dedução de juros sobre os aluguéis para os proprietários mais ricos a partir de abril de 2017.

O mercado habitacional de Londres é “uma bolha diferente de todas as outras, porque está sendo impulsionada pelo capital internacional, ao passo que antigamente as bolhas imobiliárias de Londres eram impulsionadas pelos créditos hipotecários”, disse Peter Rees, professor da University College London e ex-funcionário de planejamento da City de Londres. “Não faço ideia de como essa bolha irá acabar”.

Por Neil Callanan

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