A corretora de imóveis de Manhattan Lisa Gustin colocou à venda um apartamento de quatro quartos no bairro Tribeca por US$ 7,45 milhões em outubro, esperando vendê-lo rapidamente. Neste mês, ela reduziu o preço em US$ 550.000.
“Eu tinha certeza de que apareceria um comprador estrangeiro”, disse Gustin, corretora da Brown Harris Stevens, que ainda está vendendo o apartamento de 353 metros quadrados no número 195 da Rua Hudson. “Muitos condomínios novos estão surgindo agora. Eles vêm sendo construídos há alguns anos e agora estão prejudicando muito as revendas”.
Uma avalanche de condomínios e mansões novos e caros está chegando ao mercado em Nova York, Miami e Los Angeles justo quando os compradores internacionais, que ajudaram a alimentar a demanda nessas três cidades, estão tendo menos poder aquisitivo devido à valorização do dólar. Sinais de uma retirada talvez já possam ser vistos em Manhattan, onde as vendas de propriedades de luxo desaceleraram em meio ao crescimento vertiginoso da construção de torres pensadas para milionários americanos e investidores estrangeiros.
Neste ano, 2.386 condomínios de luxo recém-construídos em Manhattan serão colocados à venda, o maior número da história, mostram dados compilados pela Corcoran Sunshine Marketing Group.
“Estamos desenvolvendo um produto muito luxuoso e exclusivo para um conjunto razoavelmente grande de compradores, mas o desafio vai ser o simples fato de que tudo está chegando ao mercado ao mesmo tempo”, disse Jonathan Miller, presidente da taxadora Miller Samuel Inc., com sede em Nova York, e colaborador da Bloomberg View.
Desaceleração
A fraqueza de economias fora dos EUA, o desmoronamento dos preços do petróleo e a valorização vertiginosa do dólar poderiam estar afetando a demanda de compradores internacionais, que bateram recordes na busca de propriedades americanas como troféus e refúgio para o dinheiro. O dólar americano se valorizou frente a todas as outras 16 moedas de maior importância, exceto o franco suíço, nos últimos 12 meses.
Estrangeiros respondem por cerca de 15 por cento do total de vendas em Manhattan, mas representam cerca de 30 por cento das compras de condomínios de alto padrão, segundo Miller. Os desenvolvedores dos arranha-céus ultraluxuosos One57 e 432 Park Ave., em Midtown, promoveram as vendas para compradores do mundo inteiro, de lugares como a América do Sul, o Oriente Médio, a China e a Rússia.
O ritmo de crescimento das vendas de casas com preços acima de US$ 2 milhões já está desacelerando nas cidades americanas. As transações na área de Nova York aumentaram 10 por cento no ano passado, em comparação com um salto de 27 por cento em 2013, segundo a CoreLogic DataQuick, um serviço de informações sobre imóveis. O ganho na área de Miami desacelerou de 39 por cento para 19 por cento.
Na região de Los Angeles, o número de casas vendidas por mais de US$ 2 milhões cresceu 15,5 por cento no ano passado, para 3.927 imóveis, frente à taxa de crescimento de 41 por cento em 2013, disse a CoreLogic DataQuick.
Agitação
A agitação com as vendas de propriedades de luxo desde 2012 foi causada por um estoque limitado, pois a depressão mundial praticamente interrompeu a construção durante quase três anos, segundo Leonard Steinberg, presidente da corretora Urban Compass. Agora que os compradores têm mais opções, as transações ocorrerão a um ritmo mais “normal” – vender todos os apartamentos de um edifício levará entre dois e quatro anos, disse ele.
Em Manhattan, tantas construções novas estão dificultando ainda mais a venda de condomínios que já tinham dono, segundo Gustin, da Brown Harris Stevens.
A redução de 7,4 por cento no preço do apartamento em Tribeca que ela está vendendo foi “uma solução para atrair mais pessoas”, disse Gustin. “Eu tinha um bairro popular. Eu tinha um prédio de luxo. Eu tinha um apartamento imaculado e glamoroso. Eu não imaginava que teria que esperar”.
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