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Afetados pela crise, russos desistem de comprar imóveis de luxo em Londres

Publicado na Quinta, 18 de dezembro de 2014, 20h51
Afetados pela crise, russos desistem de comprar imóveis de luxo em Londres

SÃO PAULO – Compradores russos de residências caras estão fugindo de Londres depois de terem impulsionado uma onda de investimento estrangeiro que elevou os preços dos imóveis a patamares recordes. Só a oligarquia permanece.

O número de russos registrados através do Christie’s International Real Estate para comprar casas na cidade despencou 70% em um ano, disse Giles Hannah, vice-presidente sênior da corretora. Isso provocou uma queda nas ofertas por imóveis que custam a partir de 10 milhões de libras (US$ 16 milhões), pois está se tornando mais difícil para todos, exceto para os mais ricos, tirar dinheiro de seu próprio país.

“Os bancos estão limitando o valor do saque e achamos que ocorrerão mais impactos à medida que as sanções surtirem efeito”, disse Hannah, que assessorou famílias russas em transações imobiliárias de 180 milhões de libras em Londres nos dois últimos anos. “Os oligarcas ainda estão gastando. Eles já têm bancos ou advogados aqui que autorizam as compras”.

A Rússia está lutando para reverter uma queda do rublo com medidas emergenciais, como um aumento da taxa de juros de 7,5 pontos porcentuais e compras de mais de US$ 10 bilhões de rublos, pois Vladimir Putin está enfrentando a mais profunda crise financeira do país desde 1998. A queda no número de compradores russos está afetando o mercado imobiliário de luxo de Londres, que já vinha apanhando com a incerteza econômica do Reino Unido e as taxas lançadas neste mês pelo governo do primeiro-ministro David Cameron.

Os compradores russos “praticamente desapareceram da noite para o dia”, disse Andrew Langton, presidente do conselho da corretora de imóveis de luxo Aylesford International Estate Agents, em entrevista pelo telefone. “Os que continuam aqui têm dinheiro fora da Rússia e não estão com pressa para levá-lo de volta”.

Os russos foram os maiores compradores de imóveis de luxo em Londres entre janeiro e julho de 2013, de acordo com a Knight Frank. Eles caíram para o terceiro lugar durante o primeiro semestre deste ano, atrás dos italianos e dos franceses, disse a corretora.

A Rússia foi atingida por sanções contra os negócios feitos por aliados de Putin, impostas depois que o país incursionou pela Crimeia, na Ucrânia. A mais recente rodada de medidas dos EUA, no dia 12 de setembro, teve como alvo o OAO Sberbank, maior banco da Rússia, além de empresas de energia e cinco empresas estatais de defesa e tecnologia.

“Também haverá uma redução dos interessados em iates e itens menores porque eles estão nervosos em relação ao dinheiro”, disse Hannah. “Eles precisam cuidar do dinheiro deles”.

Em novembro, os preços de casas nos bairros mais ricos de Londres caíram mensalmente pela primeira vez em quatro anos. As mudanças nos impostos sobre as transações no Reino Unido implicam que os compradores de uma casa de 5 milhões de libras teriam que pagar um imposto de 513.750 libras, o que significa um aumento de quase 164.000 libras, de acordo com dados do governo.

“As sanções estão começando a afetar realmente os imóveis caros de Londres, além de todas as taxas que o governo lançou no orçamento do quarto trimestre”, disse Langton. “Isso matou a galinha dos ovos de ouro”.

Para os oligarcas, um grupo de russos mais ricos que prosperaram depois da queda do comunismo, a história é outra. Os russos foram responsáveis por 21% das compras de casas que custam mais do que 10 milhões de libras durante seis meses até outubro, frente a 13% nos seis meses anteriores, disse a Knight Frank LLP em relatório do dia 25 de novembro. Os que ainda continuam comprando casas, buscam Londres, Paris e a Riviera Francesa, de acordo com Hannah, da Christie’s.

“O auge dos compradores russos provavelmente foi há dois anos e está em queda desde então, apesar de que algumas compras foram efetuadas como resultado da crise na Ucrânia”, disse Robert Bartlett, CEO da corretora Chestertons. “Agora, um influxo mais amplo de dinheiro da Índia e do Oriente Médio está gerando um impacto mais significativo no mercado londrino”.

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