SÃO PAULO – Investir no mercado imobiliário tem sido muito questionado atualmente. Com a taxa básica de juros nas alturas e com a expectativa de que os imóveis não se valorizem nos próximos anos, comprar um apartamento para obter renda não tem sido a opção mais procurada pelos investidores, já que aplicações de renda fixa como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) podem render bem mais do que o aluguel com risco mais baixo.
Mas perspectivas de queda da inflação e de diminuição das taxas de juros no médio prazo podem fazer com que valha a pena voltar a pensar em investir no mercado imobiliário. É o que diz o advogado especialista em investimentos imobiliários, Alexandre Latorre. Embora haja um certo pessimismo atualmente, ele acredita que para quem pensa no longo prazo pode fazer bons negócios. “Esse pessimismo pode ser uma oportunidade, um bom momento de compra. Há uma diminuição do ritmo de lançamentos, o que poderá refletir em uma escassez de oferta futura e consequentemente, no aumento do valor do imóvel”, acredita.
Latorre afirma que com a crise no setor, é possível comprar imóveis a preços atrativos, principalmente para quem tem dinheiro e tempo para negociar e pechinchar. “O imóvel é para mim o instrumento mais eficaz de perpetuação do capital. Nos CDBs é muito difícil a pessoa ter disciplina para manter o dinheiro”, afirma.
Dentre as oportunidades disponíveis, ele cita a aquisição de imóveis físicos, que estão com preços deprimidos e baixa demanda atualmente, e os fundos imobiliários, que também mostram-se vantajosos a longo prazo por terem potencial de valorização das cotas caso as taxas de juros sejam reduzidas. Além disso, o especialista sugere a locação de imóveis por temporada: “O surgimento de sites como Airbnb, TripAdvisor e AlugueTemporada facilitou a exploração comercial desses imóveis com a consequente elevação da taxa de ocupação e renda dos proprietários. É um nicho interessante, mas que exige uma maior dedicação do investidor”.
Alguns riscos, porém, devem ser lembrados na hora de se investir em imóveis. Em primeiro lugar, o investidor deve lembrar que ao comprar um imóvel físico ele perde a liquidez - ou seja, se se precisar do dinheiro com urgência pode ser uma tarefa árdua conseguir vender o bem e você pode precisar aceitar um deságio razoável.
A localização da propriedade também deve ser levada em consideração na hora da compra. “O investidor precisa tomar cuidado com a localização dos imóveis. Cidades com a exploração do Pré-Sal (petróleo) tendem a sofrer mais com as taxas de vacância. O Rio de Janeiro, por exemplo, é um mercado que tem sofrido mais do que o de São Paulo”, diz o advogado.
No caso dos fundos imobiliários, por exemplo, ele lembra que a discussão sobre a taxação do rendimento distribuído encontra-se adormecida porque o governo atual não conseguiu aprovar o aumento de imposto. Mas segundo ele, com uma possível mudança de governo, esse assunto teria um impacto relevante, uma vez que a renda sofreria com um decréscimo correspondente ao imposto de 15% ou 17%, acarretando também na redução do valor das cotas.
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